Nos últimos dias, concluí a leitura do livro 1984 de George Orwell que é considerado um clássico da literatura. Como recompensa, o autor nos brinda com diversas provocações acerca da liberdade humana em contrapartida do regime totalitário.
Sem querer entregar seu conteúdo a quem o pretenda ler, em síntese a obra retrata um sistema cujas verdades são manipuladas pelo próprio governo para gerar um estado de satisfação geral, mesmo que isso derive de uma eterna guerra.
Os cidadãos são controlados a todo momento para que não realizem atos atentatórios ao governo e recebem diariamente mensagens de estímulo para manutenção da dita ordem. Para não haver distinções, a comida (ração) e a bebida são a mesma para todos.
O personagem principal trabalha no Ministério da Verdade editando textos para ser divulgado pelo governo criando uma versão única para todos. Inclusive havia reedições de publicações antigas para não haver contradições na "verdade" do partido.
A obra, como o título desde artigo sugere, que foi escrita em 1948, retrata uma situação que preocupava o autor na época que poderia levar a um futuro crítico. Daí retrata o ano 1984 numa crítica fantástica e exacerbada do mal que enxergava.
Certamente que a intolerância prevista nunca se concretizou. Talvez antigamente até havia com mais vigor, mas ao menos, velada, não nos agredia. O lado positivo é que, aparecendo, pode ser enfrentada.
Uma passagem do livro que chama a atenção, relacionada à mídia (e da forma como conheciam na época) já sugeria cuidados com sua utilização.
"A invenção da imprensa, contudo, tornou mais fácil manipular a opinião pública, processo que o filme e o rádio levaram além. Com o desenvolvimento da televisão e o progresso técnico que tornou possível receber e transmitir simultaneamente pelo mesmo instrumento, a vida particular acabou."
Se Orwell tivesse vivido os dias atuais ficaria chocado. Com a tecnologia acessível a quase todos, ficou fácil fazer uma mensagem ecoar a milhares de quilômetros. Tudo pode acontecer através de cliques. O que se tornou a vida particular? O que se tornaram nossas opiniões? O que se tornou a liberdade, se é que existe? Quais são os pressupostos dessa liberdade? Ou, como tem sido seu uso?
Sem querer expor minhas elucubrações neste artigo, fato é que se tem vivido, e também justamente através das atuais mídias, com muita intolerância. Parece que cada um possui razão de tudo, na internet, no trânsito, sobre religião, política, sobre ser ou conceituar direita e esquerda... Temos nos agredido demais!
1984 é um romance com estilo extenso (até chato diria pela forma como é conduzida a história). Não se compara ao estilo suave da Revolução dos Bichos. Chegar ao final do livro é uma superação, mas não se pode negar que é ao mesmo tempo provocante pelas reflexões que provoca no leitor por tudo que o personagem vive em seu contexto.
* Quem tiver interesse em uma resenha do livro pode clicar AQUI.