Mas um pequeno vilarejo chamado São Bartolomeu tomou minha atenção. Dirigindo de Ouro preto, a caminho de BH, paramos para comprar panelas de pedra sabão, que são vendidas na região, geralmente nos mercados públicos, beira de estradas.
Em certo local provamos uma goiabada cascão. Uma delícia. Não muito doce como as industrializadas. Era uma peça bem grande. Acho que uns 10 cm de altura e uma área de uns 50 por 50 cm. Era vendido por peso, conforme o pedido do cliente. Reparei a forma artesanal como era feita, com pedaços de goiaba dentro. A vendedora explicou que vinha de São Bartolomeu, um distrito de Ouro Preto, logo a 15km dali.
Não tão entusiasmados, incentivei a irmos até São Bartolomeu, já que nos restava algumas hora até o pôr do sol. Pegamos a estrada e seguimos as placas. Ocorre que a informação que a vendedora havia passado é que a estrada era de asfalto. De fato era, mas tão somente os primeiros 10 km.
Paramos o carro e, prestes a desistir, resolvi por conta própria tocar adiante, mesmo com certo receio já que a estrada era esburacada e estreita.
Achamos que chegaríamos em um local mais populoso, com ruas mais largas, um bairro tradicional. Um choque de realidade. São Bartolomeu é um pequeno vilarejo. As estradas no pequeno centro são de pedra, como antigamente. Ali descobrimos que se tratava de uma parada que fazia parte da estrada real, caminhos abertos pela Coroa Portuguesa na época da exploração do ouro e pedras preciosas.
As famílias que ali se instalaram e iniciaram suas colônias, plantações, acabaram se especializando na fabricação de doces, enquanto serviam a Ouro Preto com seus produtos, há mais de 150 anos. A tradição foi repassada de pais para filhos e continua até hoje.
Nessa época de carnaval, em que visitamos o vilarejo, parentes que moram longe vêm visitar suas famílias, buscar a tranquilidade que o local proporciona, o que acaba movimentando um pouco suas ruas. Nem preciso destacar a doçura do povo mineiro, sempre de trato fácil, com calma ao falar e, ao mesmo tempo, entusiasmo com os visitantes.
Uma Igrejinha, na rua principal, é o símbolo da fé do povo. Ali se encontra, em uma das torres, um sino antigo de madeira, um dos únicos do mundo, e, hoje, um símbolo do lugar.
Não visitamos as cachoeiras que existem um pouco mais afastado do pequeno centro, mas disseram que são lindas.
Acabamos por visitar uma pequena quitanda de doces de uma família tradicional. Fomos muito bem atendidos pela filha da proprietária que contou ser sua mãe cartorária do vilarejo e parteira. Ali pudemos saborear diversos doces. Os mais tradicionais são a goiabada cascão e o doce de leite. Todos de sabor muito individual e excelentes.
Provamos logo ao lado, em outra pequena lojinha, sorvete artesanal de goiaba e doce de leite. Todos de sabor divinos.
São Bartolomeu é um local para uma experiência tranquila, de paz, de história. Um passeio para uma tarde agradável com a família, sem pressa, curtindo o bom papo com os moradores e as paisagens de natureza mescladas com as construções de época.
Definitivamente recomendo visitar esta pequena joia de Minas Gerais. Quem não puder, pode encontrar seus produtos no Mercado Central em Belo Horizonte.