quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Festas de fim de ano, um ritual pelo qual passamos

Nos últimos dias, comentei com alguns amigos acerca desse período de fim de ano que, nas minhas palavras, passei a intitular um verdadeiro ritual.

Tratam-se de práticas que fazemos anualmente, um período aonde buscamos meditar, reconciliar, planejar. Algo que, prima facie, parece tão nobre, elegante, louvável. A propósito, realmente o é!

É um ciclo temporal, de nosso calendário gregoriano, que se finda. Na realidade isto pouco importa, em essência, visto que o tempo não passa em ano em ano, mas a cada momento, enquanto se vive. Não é do dia 31 de dezembro a 1º de janeiro que o tempo progride e sim a cada dia, de minuto em minuto, de pouco em pouco.

Também é época em que se comemora a festa cristã da natividade, isto é, o nascimento de Jesus, o messias. Esta data, para os cristãos, efetivamente, é de sobremodo muito especial, vez que se recorda aquele que veio trazer a boa nova ao mundo, ainda que paire dúvida sobre o dia exato de seu nascimento, o que não vem ao caso, e sendo a segunda maior festa cristã, estando apenas atrás da Páscoa.

Independente de religião, a história de Jesus é ao mesmo tempo intrigante e motivadora tanto que é base para diversas obras e estudos de filosofia, teologia, área empresarial e assim por diante.

É efetivamente um período do ano, portanto, dedicado e oportuno a pensamentos elevados, a se fazer o bem!

Mas faço uma ponderação, uma crítica. Tal ritual deveria ocorrer não somente nessa época específica, mas sempre que tivéssemos necessidade deste reencontro com nós mesmos, com nossas famílias, com nossos objetivos. Os planos não devem ser feitos de ano em ano. Como mencionei, a vida passa (e verdadeiramente corre) a cada instante, não parando no período de fim de ano.

Pensemos nisto, caros leitores e amigos, afinal a cada dia, a cada momento, a cada mês, é possível se reinventar, reconciliar, meditar, planejar, mudar, ser melhor! Cada dia pode ser um recomeço, um início!

Desejo a todos um Natal especial e que, no seio de nossas famílias e amigos, possamos recarregar as baterias para o ano que se inicia! Paz e bem!

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Finalizo deixando um vídeo em que executo a música Frisson de autoria de Sérgio Natureza, gravada inicialmente por Tunai. Que neste período de fim de ano, que este nosso ritual anual, possa nos trazer um verdadeiro frisson em nossas vidas no ano que se inicia!



terça-feira, 11 de agosto de 2015

Dois um ou um dois(21 ou 12)? A ordem dos fatores altera o produto? Reflexão sobre o número ideal de vereadores para Itajaí

Uma das discussões que veio à tona em Itajaí no último mês foi, certamente, a propositura legislativa que pretende reduzir o número de vereadores de 21 para 12. Trata-se de um projeto que altera a Lei Orgânica Municipal que se justifica no argumento de que, em 2011, quando se deliberou o aumento de 12 para 21, pensou-se que a representatividade política seria maior e que não incidiria em mais gastos.

O projeto ainda precisa ser assinado por, pelo menos, 14 edis para iniciar tramitação, mas o assunto merece destaque e discussão por parte dos cidadãos e do próprio poder legislativo local, até porque, a olhos nus, trata-se de algo necessário e relevante no cenário atual.

Pois bem, façamos uma breve retrospectiva no tempo e verificaremos que, à época do aumento do número de cadeiras no legislativo itajaiense, cada vereador, dos 12, possuía 5 assessores parlamentares em seu gabinete. Com o aumento para 21 parlamentares, cada um passou a contar com apenas 3 assessores. Ou seja, de 60 assessores passou-se para 63.

Contabilizando os salários dos novos 9 vereadores e mais os de 3 assessores, não parece um aumento grosseiro nos gastos públicos. Com um cálculo simplório, quiçá, representaria um gasto mensal de 150 mil reais a mais.

Em suma, é correto afirmar que houve aumento de despesas quando do aumento do número de vereadores em Itajaí, em 2011. A questão é: será que é muito? Esse gasto compensa?

Em 2013, um estudo encomendado pela Câmara de Vereadores de Itajaí, através de uma comissão formada por representantes dos partidos políticos da atual legislatura buscou responder justamente isto. O resultado é que houve aumento da representatividade no poder legislativo com as 21 cadeiras e que este seria o número correto para Itajaí.

O aumento do número de cadeiras faz com que candidatos menos votados e de campanhas menos vultuosas possam ingressar na política, exercer voz, voto e fazer a diferença. É louvável e é possível perceber que candidatos com menor votação, mesmo quando assumindo na suplência, desempenham o papel até melhor do que os antigos e carimbados da política peixeira.

O poder legislativo é, sem dúvida, um grande balcão de negócios. Sem o sentido pejorativo, mas é na casa de leis onde acontecem as grandes discussões, o controle externo dos atos do poder executivo e a edição de normas. Não é possível que o aumento de vereadores signifique retrocesso neste quesito. Quanto mais bocas, mais vozes.

Poderia ser questionado sobre a dificuldade de se governar a cidade com mais parlamentares. Tendo que passar os projetos pelo crivo do legislativo, logicamente é necessário muito mais diálogo com 21 do que com 12. O que se pode perguntar nesta hora oportuna é: como vem acontecendo estes diálogos? Quantas derrotas o governo vem sofrendo no parlamento?

Aparentemente há pouca retaliação quanto à votação de projetos oriundos do executivo. Então, pra que a redução do número de vereadores? O diálogo aparentemente deve existir e tem surtido resultado.

Mas e os gastos públicos? Sob este aspecto não haveria outras soluções providenciais? Quiçá a redução dos vencimentos do parlamentares ou até a redução do número de assessores pudessem colaborar com isso. Ocorre que nem uma coisa nem outra estão em debate mas única e exclusivamente a redução do número de vereadores de Itajaí.

Merece a matéria, pois, mais reflexão, já que nitidamente se demonstra mais na contramão do que a favor dos interesses do povo. Em outras palavras, brincando com os números, podemos dizer que a inversão dos números altera sim o produto, isto é, passando de 21 para 12, estaremos frente à perda de representatividade e sem uma diminuição impactante, ou que valha a pena, nos gastos públicos.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Práticas de empreendedorismo na gestão pública: um desafio para os gestores

Pela manhã, realizando as leituras matinais, um artigo sobre maneiras de conquistar o cliente, da temática de empreendedorismo, chamou minha atenção.

Afinal, por que o setor público não se espelha em práticas como estas? Sabemos que os serviços são deficitários e lentos, mas algumas práticas poderiam ser adotadas desde já.

Temos o estigma que tudo o que vem do poder público é ruim, problemático. E é na grande maioria. Mas o que o gestor público poderia fazer para colaborar para sanar ou amenizar o problema?

Abaixo relaciono, brevemente, os tópicos abordados na matéria e teço pequenos comentários sobre sua aplicação no setor público.

1. Não faça o cliente esperar. De jeito nenhum.

No setor público alguns serviços são obrigatórios, desde solicitar um documento de identidade a tirar uma certidão qualquer. Não há como escapar. Seria interessante o atendimento em horários alternativos, mais atendentes para horários de picos. Esperar é sempre um incômodo, ainda mais na atualidade em que não se tem momento para rush, vive-se em rush.

2. Diga seu nome. O anonimato facilita o encobrimento de práticas incorretas e, além disso, ao falar o nome, o processo de venda fica mais informal, algo apreciado pelo consumidor.

O uso do crachá por servidores públicos, especialmente os que lidam com atendimentos ao público, é necessário e a identificação faz com que eventuais situações adversas sejam lidadas de maneira mais sutil.

3. Prometa. E cumpra. Prazos devem ser cumpridos e até antecipados.

Difícil ver antecipação de prazos, quando são cumpridos já é uma grande vitória. Hoje, fica-se à mercê do tempo. Para as pessoas o prazo é primordial, sob pena de prescrição, enquanto para as ‘autoridades’...

4. Elimine os obstáculos para a compra. Aceitar várias modalidades de pagamento, etc.
Você vai ao guichê (e espera para ser atendido), solicita um serviço, retira a guia, paga no banco (depois de enfrentar fila), reapresenta a guia com dados (após aguardar novamente) e retorno ao setor para retirar o que foi solicitado.

Por que não aceitar já o pagamento no próprio atendimento? Hoje possuem muitas facilidades para isto. Que tal um balcão informativo para que o cidadão não fique esperando apenas para obter uma informação do que ele irá precisar na hora do atendimento?

5. Venda algo que possa ser usado na hora. Descomplique a vida do cliente.

Descomplicar a vida do cidadão é o que talvez menos o poder público faça. Geralmente é necessário retornar várias vezes ao mesmo setor para se resolver uma questão. Um sistema integrado de dados entre órgãos públicos facilitaria bastante as transações. Por vezes é necessário fazer um ato em um determinado setor e depois levar a outro, o que poderia ser feito de forma direta, assim como a própria realização do serviço com a confirmação de um boleto, sem a necessidade de reapresentação da guia com pagamento.

6. Capriche no pós-venda. O atendimento no pós-venda é tão importante quanto o processo da compra. Ao resolver um problema, você motiva o cliente a voltar a comprar.

Bom, nesse ponto acredito que não haja sequer um exemplo na administração pública para ser citado. Porque o poder público presta um serviço que ele não quer ter que cumprir novamente tal como um atendimento de saúde, por exemplo.

Que tal fazer um programa de satisfação do cidadão, uma ouvidoria obrigatória? O gestor público deve identificar os problemas para procurar alternativas de melhor atender o povo.

O problema talvez é que nossos gestores não tenham capacidade para isso. Os cargos públicos em comissão, via de regra, são indicados políticos sem qualquer escrutínio de qualidade, quando não são os próprios eleitos.

Quem perde? Todos!

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Leia na íntegra “6 maneiras de fazer a concorrência te odiar – e os clientes te amaremem” clicando AQUI.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

A manobra de Cunha e o descaso do poder público

Um dilema tem tomado conta dos políticos brasileiros nos últimos dias: ser ou não ser a favor da redução da maioridade penal? Tanto é verdade que, em votações perecidas, na primeira, a Câmara dos Deputados rejeitou a proposta e, na segunda, acabou por aprovar o texto.

Eduardo Cunha (PMDB) manobrou e conseguiu ter a segunda votação favorável ao projeto. Acredito que a manobra, ainda que tenha faltado coerência ou respeito, deve ter possibilidade legal. Não penso que deva ter tomado uma atitude sem parecer jurídico da procuradoria legislativa. De toda forma, a controvérsia vai ser resolvida pelo Supremo Tribunal Federal, caso ingressem com algum remédio jurídico.

Por outro lado, o que fazem nossas Excelências? Mudam de opinião em menos de 24h? Por que não obstruíram a pauta de votação?

Ainda que haja algum vício no ato de Cunha, já apelidado de pedalada regimental, este teve uma aprovação democrática no parlamento, o que é inegável.

Há quem interrogue se houve compra de votos. Penso ser muito improvável. Difícil seria, para os parlamentares, explicar para os 90% de brasileiros que defendem a redução da maioridade (pesquisa CNT/MDA) sobre não terem aprovado o projeto.

Tal decisão, ainda que referendada por diversas pesquisas de opinião, é difícil de se dar quando temos um Brasil subdesenvolvido, como o 12º mais violento do planeta, e, por outro prisma, sabe-se que a redução da maioridade penal não reflete na redução do índice criminal como resultado final.
Como o próprio Cunha afirmou, a proposta visa diminuir a “sensação de impunidade”.  Tal argumento se demonstra frágil, o que fará com que as instituições ressocializadoras sirvam, na verdade, como já vêm servindo, como depósito humano.

Aí a discussão se acentua e não há como não partirmos para o viés político da coisa. Se houvesse melhor educação e instituições que verdadeiramente promovessem a integração dos delinquentes em sociedade, a coisa seria diferente.

Aqui em Itajaí/SC, como exemplo, o CASEP (Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório) se encontra fechado para reformas. Os internos foram transferidos para outros Centros (provavelmente com condições precárias semelhantes). Já o Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí se encontra em bom estado, ainda que a parte do presídio, temporária, esteja já enfrentando problemas com superlotação.

A Ordem dos Advogados do Brasil, através de Comissão, esteve ontem no Presídio Regional de Blumenau e constatou uma estrutura deficiente, com infiltrações, pouca salubridade, etc.

Em suma, o poder público falha e muito. Reflexo disto é a atual aprovação do governo em 9%, índice mais baixo desde a promulgação da Constituição de 1988

De outro norte, quiçá, temos a raiz de todos os problemas: a educação. A Pátria Educadora parece não zelar, ou zelar pouco, pelas crianças e jovens. Além dos cortes orçamentários na área, atualmente a evasão escolar é alta e a qualidade do ensino é baixa. Relatório feito pelo Movimento Todos pela Educação informa que 680 mil crianças de 4 e 5 anos estão fora da escola e 1,6 milhão de jovens de 15 a 17 anos abandonaram o ensino escolar. Quando da conclusão do ensino médio, muitos falham na matemática e no português que são matérias básicas.

É preciso que tratemos os problemas na base, na infância, na família. É muito mais fácil frear a delinquência pela educação, pelo amor, do que pelo aprisionamento, pela dor.

Final das contas: se o sistema fosse bom o bastante, poderíamos ter alguma evolução social nesse sentido. Cada vez nos separamos mais enquanto teríamos de nos unir. Dividimo-nos com presídios, muros e grades. Quiçá possamos um dia ouvir, assim como nos últimos anos na Suécia, notícias de que presídios estão sendo fechados pela falta de apenados. A redução da maioridade só contribuirá com essa divisão. É a medida mais drástica para tentar solucionar o problema e, sendo a voz do povo, acredito que deva ser acatada. Mas que possamos ter em mente que, se o poder público continuar com esse descaso, o bem mais precioso das pessoas, que é a própria vida e a dignidade, continuarão perdendo as batalhas contra o mundo do crime.

domingo, 15 de março de 2015

Manifestações de 15 de março de 2015 - Eu estarei nas ruas e você?

Bom dia!

Hoje, dia 15 de março de 2015, é uma data histórica para a democracia brasileira, assim como foi junho de 2013.

Novamente, as ruas de diversas cidades brasileira são tomadas pelo povo que manifesta sua indignação com o atual governo, com a corrupção. Trata-se, ao meu ver, de um ato cívico.

Em junho de 2013, enquanto ainda era acadêmico de Direito e líder estudantil, encorajamos os demais acadêmicos a mostrarem também seu descontentamento. À época, uma das reivindicações, além da corrupção e impunidade, estava em pauta a contrariedade à PEC 37 que tiraria os poderes constitucionais de investigação do Ministério Público.

Pois bem, aqui estamos em 2015, com o início de um mandato em que podemos vislumbrar exatamente o contrário do que fora prometido na campanha eleitoral pela atual presidente da república. Inflação em alta, desemprego aumentando, cortes na verba da educação e saúde, problemas de infraestrutura.

Falando em infraestrutura, não posso deixar de mencionar o protesto dos caminhoneiros que pararam e desabasteceram alguns setores Brasil afora no último mês. Os motoristas reivindicaram melhores estradas e correção no preço dos fretes, bem como menos corrupção e menor valor do combustível.

Nesse contexto que aflige todos os brasileiros é que convoco a todos a participarem do ato cívico de hoje, manifestando por um Brasil melhor. Talvez o impeachment da presidente seja uma medida sem tanto fundamento por agora, ainda que se vislumbra uma possibilidade jurídica, mas não podemos esmorecer e deixar que as coisas e os políticos fiquem como estão.

Eu estarei nas ruas e você?

#VemPraRua


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

São Bartolomeu: Uma joia de Minas Gerais

Neste carnaval, do dia 13 ao dia 18, viajei com minha família para Minas Gerais. Pude conhecer a Cidade Administrativa, projeto suntuoso e belo de Niemeyer, executado no governo de Aécio Neves, as cidades históricas e animadas em tempo de carnaval como Mariana, Sabará e Ouro Preto, o Instituto Inhotim em Brumadinho...


Mas um pequeno vilarejo chamado São Bartolomeu tomou minha atenção. Dirigindo de Ouro preto, a caminho de BH, paramos para comprar panelas de pedra sabão, que são vendidas na região, geralmente nos mercados públicos, beira de estradas.

Em certo local provamos uma goiabada cascão. Uma delícia. Não muito doce como as industrializadas. Era uma peça bem grande. Acho que uns 10 cm de altura e uma área de uns 50 por 50 cm. Era vendido por peso, conforme o pedido do cliente. Reparei a forma artesanal como era feita, com pedaços de goiaba dentro. A vendedora explicou que vinha de São Bartolomeu, um distrito de Ouro Preto, logo a 15km dali.


Não tão entusiasmados, incentivei a irmos até São Bartolomeu, já que nos restava algumas hora até o pôr do sol. Pegamos a estrada e seguimos as placas. Ocorre que a informação que a vendedora havia passado é que a estrada era de asfalto. De fato era, mas tão somente os primeiros 10 km. 

Paramos o carro e, prestes a desistir, resolvi por conta própria tocar adiante, mesmo com certo receio já que a estrada era esburacada e estreita.



Achamos que chegaríamos em um local mais populoso, com ruas mais largas, um bairro tradicional. Um choque de realidade. São Bartolomeu é um pequeno vilarejo. As estradas no pequeno centro são de pedra, como antigamente. Ali descobrimos que se tratava de uma parada que fazia parte da estrada real, caminhos abertos pela Coroa Portuguesa na época da exploração do ouro e pedras preciosas.

As famílias que ali se instalaram e iniciaram suas colônias, plantações, acabaram se especializando na fabricação de doces, enquanto serviam a Ouro Preto com seus produtos, há mais de 150 anos. A tradição foi repassada de pais para filhos e continua até hoje.

Nessa época de carnaval, em que visitamos o vilarejo, parentes que moram longe vêm visitar suas famílias, buscar a tranquilidade que o local proporciona, o que acaba movimentando um pouco suas ruas. Nem preciso destacar a doçura do povo mineiro, sempre de trato fácil, com calma ao falar e, ao mesmo tempo, entusiasmo com os visitantes.




Uma Igrejinha, na rua principal, é o símbolo da fé do povo. Ali se encontra, em uma das torres, um sino antigo de madeira, um dos únicos do mundo, e, hoje, um símbolo do lugar.

Não visitamos as cachoeiras que existem um pouco mais afastado do pequeno centro, mas disseram que são lindas.


Acabamos por visitar uma pequena quitanda de doces de uma família tradicional. Fomos muito bem atendidos pela filha da proprietária que contou ser sua mãe cartorária do vilarejo e parteira. Ali pudemos saborear diversos doces. Os mais tradicionais são a goiabada cascão e o doce de leite. Todos de sabor muito individual e excelentes.





Provamos logo ao lado, em outra pequena lojinha, sorvete artesanal de goiaba e doce de leite. Todos de sabor divinos.

São Bartolomeu é um local para uma experiência tranquila, de paz, de história. Um passeio para uma tarde agradável com a família, sem pressa, curtindo o bom papo com os moradores e as paisagens de natureza mescladas com as construções de época.



Definitivamente recomendo visitar esta pequena joia de Minas Gerais. Quem não puder, pode encontrar seus produtos no Mercado Central em Belo Horizonte.



Mais fotos do passeio no vilarejo São Bartolomeu









segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Ironia do povo

O título desta postagem se refere a um paradoxo que tento assimilar e resolver na minha cabeça.

Quando escândalos de corrupção e arrochos na economia ocorrem, o povo solta seus brados retumbantes, mas, na hora da eleição, escolhe o mesmo partido, os mesmo candidatos...

Agora está tudo péssimo, amanhã tudo pode mudar, quem era corrupto se santificou.

Será que isto realmente é possível? Certamente, quando se enfrentam problemas, a solução pode vir. Mas será que os problemas que surgem ao longo dos últimos anos, corrupção e economia desestabilizada, não foram criados pelos próprios governantes? Corrupção ocorre por conta do que ou de quem? Será que esse tipo de mudança ou milagre é possível?

A economia demonstra sinais de declínio desde 2008, ainda que as políticas para conter a crise internacional nos tenha mantido estáveis até 2011 praticamente.

Qual foi a atitude os cidadãos? Reeleger a presidente.

As manifestações de junho de 2013, os problemas da economia do ano passado, nada fez os brasileiros mudarem de ideia, ainda que as eleições tenham tido resultado apertado.

Sabe quando um síndico ou presidente de associação fica por tempo demais no cargo? Precisa ser substituído, mudar o time. A palavra que tem se utilizado muito, inclusive no ambiente empresarial, é oxigenar. Precisamos oxigenar o Brasil. Dar mais fôlego, mais vigor.

Mudar talvez seja o grande medo. Todos temem a mudança. Casar, trocar de emprego, morar no exterior, viajar. Nas coisas pequenas e nas coisas grandes a mudança é um problema. Para alguns, algo fácil de lidar, para outros, um monstro.

É uma ironia o que ocorre, mas a única explicação que me vem à mente é o medo da mudança. Realmente não está tudo bem e poderia estar melhor. Mudanças podem ser benéficas...


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Estudante de 14 anos é autorizado a cursar medicina

Fiquei impressionado com a notícia que li na data de hoje de um estudante que foi autorizado pelo Poder Judiciário a cursar medicina. O curioso é que ele tem apenas 14 anos!

Confira a notícia AQUI.

O garoto prodígio vinha estudando provas anteriores do ENEM e, mesmo estando no primeiro ano do ensino médio, ano passado, tirou nota excelente no Exame.

A família entrou na Justiça para questionar o caso e o juiz entendeu que, para conceder a liminar, teria que primeiro haver uma proficiência do ensino médio. A prova foi aplicada e, por obter pontuação suficiente, o garoto recebeu certificado de conclusão do ensino médio. Assim, a segurança foi concedida para que pudesse se inscrever na faculdade.

É um típico caso que demonstra que, para quem realmente tem uma meta, não existe adversidade que não possa ser vencida. O garoto estudou em escola estadual e disse que sabia que não seria fácil realizar seu sonho. Batalhou e conseguiu! Mérito para o estímulo da família e determinação do jovem rapaz.

Quiçá temos que incentivar este tipo de ação judicial para privilegiar garotos e garotas prodígios que, certamente, existem em número maior, especialmente àqueles economicamente menos privilegiados.

O lado negativo é que, se para todos fosse aplicado provas de proficiência, muitos iriam estudar apenas para esta prova. Talvez surgiriaa indústria dos cursos preparatórios para prova de proficiência do ensino médio, só que para o público de 14, 15, 16 anos.

Aí o Estado teria que repensar num mecanismo para impedir injustiças, demandas injustificadas de adolescentes que quisessem realizar o teste, como, por exemplo, aqueles que queiram fazer as provas repetidamente arriscando passar, ainda que suas notas escolares representem que é um aluno abaixo da média e assim por diante.

É uma questão curiosa e para ser pensada que vem de encontro - ou na contramão - dos problemas e necessidades do Brasil na área da educação.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O Mercador de Vezena. Comentário à obra de William Shakespeare

Bom dia! No último final de semana reservei breves minutos para a leitura de um clássico de William Shakespeare, O Mercador de Veneza.

Trata-se de uma peça teatral escrita por ele que, ao que tudo indica, teve inspirações em outras duas obras. Ou seja, ele teria feito um apanhado do conteúdo de ambas, aperfeiçoado, o que tornou nesta interessante história que comentarei abaixo.

Em suma, o livro trata da história de um apaixonado que precisa pegar emprestado dinheiro com um amigo para ir conquistar sua amada. Seu amigo, que era cristão, não havia no momento a quantia necessária e pegou emprestado com um judeu, que era seu inimigo. No contrato, caso o cristão não pagasse ao judeu na data aprazada, o judeu poderia retirar-lhe uma libra da carne.

Pois, bem. o apaixonado conquista sua amada, mas seu amigo é colocado no tribunal pelo judeu para que pague a libra de carne. Surpreendentemente, aparece um advogado que diz que no contrato prevê que possa ser retirada uma libra de carne do cristão. No entanto, não poderia tirar nenhuma gota de sangue por não haver tal disposição. Assim, o judeu perdeu a causa e ainda teve parte dos bens confiscados. E se descobre que o advogado era a mulher conquistada pelo apaixonado que estava fantasiada, que quis ajudar seu amor a saldar a dívida com o amigo.

A obra ressalta dois temas centrais: o antissemitismo e a justiça. Ambos merecem atenção e reflexão.

Quiçá seria errôneo classificar que Shakespeare tivesse ódio pelos judeus. A obra sequer influencia tal crueldade, ainda que em certos trechos remete à compaixão dos cristãos. O que se relata, pois, é que tanto o judeu quanto o cristão brigavam e um desejava obter vantagens do outro. Nenhum tinha piedade. Frisa-se, no entanto, que existia, na época de Shakespeare, entre 1564 a 1616, uma certa aversão ao judaísmo, tendo em vista que séculos antes o povo judeu fora expulso de diversos locais da Europa. O tema merece atenção ante os fatos terroristas que, hodiernamente, preocupam a todos e que se relacionam com a temática.

Cena do Filme O mercador de Veneza
Sobre a justiça, pode-se dizer que o livro faz refletir sobre a força dos contratos, chamada em direito de pacta sunt servanda, isto é, princípio da obrigação que os pactos sejam cumpridos, e o alcance ou sua limitação. Ou seja, até aonde o contrato deve ser seguido. Pode ser seguido ainda que cause grave dano a um dos contratantes? O desenrolar da história de Shakespeare mostra que o princípio norteador foi mantido a risca e que o tribunal nada poderia fazer. Assim, a interpretação literal também possibilitou inverter a situação. Ora, o contrato prevê que um poderia obter do outro uma libra de carne, contudo não dizia que poderia obter ou extrair sangue.

Seguindo a reflexão da obra, agora gostaria de apresentar alguns trechos que chamaram minha atenção e que são também poéticos.

"Se fazer fosse tão fácil quanto saber o que é preferível, as capelas seriam igrejas, e as cabanas dos pobres, palácios de príncipes. O bom pregador é aquele que segue seus próprios preceitos; para mim, acharia mais fácil ensinar a vinte pessoas o caminho do bem do que ser uma dessas vinte pessoas e obedecer a minhas próprias recomendações" (p. 24)

"Sou um judeu. Então, um judeu não possui olhos? Um judeu não possui mãos, órgãos, dimensões, sentidos, afeições, paixões? Não é alimentado pelos mesmos alimentos, ferido com as mesmas armas, sujeito às mesmas doenças, curado pelos mesmos meios, aquecido e esfriado pelo mesmo verão e pelo mesmo inverno que um cristão? Se nos picais, não sangramos? Se nos fazeis cócegas, não rimos? Se nos envenenais, não morremos? E se vós nos ultrajais, não nos vingamos? Se somos como vós quanto ao resto, somos semelhantes a vós também nisto" (p. 69-70)


"Qual foi o semideus que soube aproximar-se tanto da criação? Estes olhos se movem ou parece que estão em movimento porque deixam atônitos os olhares dos meus? Aqui estão os lábios entreabertos, separados por uma respiração aromática; tão doce barreira jamais separou tão doces amigos! Em seus cabelos, o pintor imitou a aranha e teceu uma rede de ouro para prender os corações dos homens em maior número do que os insetos se enredam nas teias de aranha." (p. 77)

"A qualidade da clemência é que não seja forçada; cai como a doce chuva do céu sobre o chão que está por debaixo dela; é duas vezes bendita; bendiz ao que a concede e ao que a recebe. É o que há de mais poderoso no que é todo-poderoso; assenta melhor do que a coroa no monarca assentado no trono. O cetro bem pode mostrar a força do poder temporal, o atributo da majestade e do respeito que faz tremer e temer os reis. Porém, a clemência está acima da autoridade do cetro; tem seu trono no coração dos reis; e um atributo do próprio Deus e o poder terrestre se aproxima tanto quanto possível do poder de Deus, quando a clemência tempera a justiça" (p. 100)

Citações extraídas da seguinte versão da obra: SHAKESPEARE, William. O mercador de Veneza. (tradução de Fernando Carlos de Almeida Cunha Medeiros e Oscar Mendes) 2ª edição. São Paulo: Martin Claret, 2013.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Meia Praia, tu és tão bela

Hoje gostaria de compartilhar os versos que me vieram à mente no dia 05 de janeiro deste ano, às 23h e 47min, antes de dormir, após passar uns dias de veraneio em Meia Praia, bairro e praia da cidade de Itapema/SC, local pelo qual sou encantado.


Meia Praia, tu és tão bela

Meia Praia, tu és tão bela
Tuas areias tiram as dores
Os fardos que levo nas costas
Não tem lugar igual pra mim e pra ela

Tuas ondas enganam a todos
Às vezes tão calmas, paradisíacas
De vez em quando, arrebentação
Roubas nossa atenção toda pra ti

Correr ao som do teu mar
Mergulhar e surfar
É aqui o lugar perfeito pra estar

Com a família ou a solidão
Com ela ou com os amigos
Meia Praia e seus encantos de verão



quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Capa da Revista Veja sobre atentados em Paris e a liberdade de expressão

Muito interessante a capa da última edição da revista Veja.

Não vou aqui debater o conteúdo da Revista que é lida por muitos e detestada por outros tantos, ainda que cumpra um papel relevante no quesito investigativo.

Voltando à capa, pode-se perceber a representação de um fuzil desenhado com borracha, lápis, um esquadro, etc. Enfim, materiais de escritório, materiais de desenho. A frase que comenta a ilustração diz: “Às armas, cidadãos!”

Edição 2408 de 9 de janeiro de 2015
A que arma estava se referindo? Àquela de papel, caneta, borracha, esquadro...

Os atentados em Paris chocaram o mundo e retrataram tanto o ódio muçulmano quanto o despreparo para conter esse tipo de violência. Apesar de vários outros atentados terroristas no mundo, inclusive mais sangrentos, este foi o último mais comentado. A discussão gira em torno da liberdade de expressão. Será que existe limites para a liberdade de expressão? Alguns pensam que sim, outros não.

Mas o que ocorre quando o uso da própria liberdade de expressão possibilita a perda da liberdade propriamente dita? Foi o que aconteceu. Neste ponto, não quero entrar no mérito se a charge deveria ter sido ou não publicada, mas foi a liberdade de expressão da imprensa francesa que encadeou os atentados, a privação da liberdade das vítimas, várias mortes, inclusive.

A liberdade é o direito de primeira geração ou dimensão conquistada pela civilização atual, luta histórica. Esta não pode ser perdida em hipótese alguma. A perda da liberdade de expressão, que decorre da primeira, facilita a perda da própria liberdade.
Acredito, portanto, que é necessário a manutenção da liberdade de expressão, como garantia da própria liberdade.

A liberdade de imprensa é ruim? Merece ter limites? Aqui caberia longa discussão. Prefiro me ater que esta é boa e não deve ter limites, salvo aqueles do razoável.

Leonardo Boff, em seu artigo, diz que no mundo hodierno já existe certa censura na mídia que impede, por exemplo, a calúnia, ou seja, a imputação da prática de um crime a alguém.

Correto entendimento do autor. Já existe certa linha que possibilita saber o que é ou não razoável, apesar de que não concorde com a ideia central do texto por este escrito.

Na França ocorreram, conforme noticiam as mídias, manifestações que podem ser consideradas a maior que já existiu. Ecoou no mundo e todos os adeptos à manutenção das liberdades se expressaram com a frase: Je suis Charlie, que significa eu sou Charlie, nome da revista francesa. Foi, também, uma forma de compartilhar do sofrimento que ainda paira no momento, compaixão.

Leonardo Boff diz que ele não é Charlie. Não consegui entender o porquê.

Stéphane Charbonnier, o Charb, que estava no comando da mídia francesa, alvo do ataque, disse que “É preciso que o Islã esteja tão banalizado quanto o catolicismo”.

Talvez esta frase mostre certa intolerância. Mas tudo deve ser observado com o devido olhar. Uma coisa é uma fala, uma afirmação, uma máxima, outra coisa é a prática da intolerância.


Na realidade, penso que a frase não tem tanta gravidade como alguns querem pintar. A palavra ‘banalizado’ sugere interpretação pejorativa, que a religião precisaria ser colocada à margem, esquecida. A palavra foi mal colocada mesmo.

Mas vamos à justa interpretação, talvez aquela que ele próprio gostaria que fosse feita. Quiçá ele deveria ter trocado ‘banalizado’ pela palavra ‘criticado’, com a devida concordância. Aí ficaria “É preciso que o Islã seja tão criticado quanto o catolicismo”.

Crítica! Não é o que os artistas de cinema, teatro, musicistas, comediantes, fazem? Se a charge que foi publicada, e que gerou os ataques terroristas, não poderia ser publicada, então o que poderia?

A crítica ao catolicismo, como se vê comumente, talvez tenha sido o instrumento que mais proporcionou que a Igreja Católica se reinventasse. E, graças à mídia, escândalos foram descobertos, por exemplo. Coisa que ninguém queria falar, coisa que feria os adeptos fervorosos. Mas foi colocado o dedo na ferida.

Já pensou se a mídia deixasse de falar em corrupção só por conta que existe uma religião adepta a ela?

Brincadeiras a parte, mas que colaboram a crítica que se pretende, a liberdade de expressão é necessária que seja mantida. Aquele que abusa da liberdade de expressão, via de regra, é colocado pela própria sociedade em seu devido lugar. Se eu faço um péssimo jornalismo, contanto inverdades, fazendo críticas sem bom senso, de mau gosto, certamente meu trabalho não vai ser comprado e revendido.

Afinal, o que justifica 17 assassinatos?

E, para concluir, nesta arte da crítica, a capa da última edição da Veja foi fantástica. Sugere que não percamos o medo das nossas atitudes, de nos expressarmos.

Às armas, cidadãos!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

(In) Sensibilidade - Caso do cão abandonado na Escócia

Hoje li uma matéria sobre o abandono de um cão numa estação de trem na Escócia. Após anúncio, ONG recebeu muitas ofertas de ajuda. A história chega a ser comovente. Veja AQUI a reportagem.

Faço aqui um comentário crítico sobre ética e valores morais, nossas atitudes do dia-a-dia.

O ser humano, nossa cultura, é destinada a certas práticas virtuosas como, por exemplo, não matar, praticar a justiça, fazer o bem ao próximo. Ninguém pretende fazer algo diferente disto porque é contra as normas da sociedade. Quando ocorre existe uma retaliação social, salvo casos justificáveis.

Estamos numa época em que o pensamento humano e a cultura está muito direcionada à filantropia. Ponto positivo para os seres humanos que evoluíram a tal estágio. Outrora não era assim. Temos dispendido esforços para que nossos semelhantes tenha condições dignas em sua existência

Certamente, temos muito o que desenvolver ainda em nossos valores. E nem todos os cantos do mundo chegam a receber essa nova cultura, nossas ações não chegam até lá. Esperamos que isto ocorra cada vez mais rápido.

Antes, talvez, que cheguem até os subúrbios do mundo, acredito que devemos um olhar mais sensível, mais próximo, com mais carinho, às pessoas que estão ao nosso redor, os mendigos, pedintes, doentes, idosos, escolas e demais serviços públicos, especialmente no Brasil.

O que me ocorreu, quando li a notícia epigrafada, foi uma exclamação: como os valores estão se moldando!

Não sei se minha intuição foi correta. Penso que estamos tão atrelados à tecnologia que achamos lindo uma causa humanitária nas redes sociais que, inclusive, nos dispomos a ajudar. Existe tanto marketing em cima da filantropia que nos comove, que nos faz ajudar.

Acredito que toda filantropia é digna e dignificante, mas não parece que existem causas tão mais próximas de nós para serem atendidas do que um caso nas redes sociais?

Precisamos de uma propaganda na TV com 0800, 0500 ou 0300 pra doar tantos reais? Precisamos de propaganda para fazer o bem?

Acredito que minha intuição esteja errada. Não estamos moldando ou mudando nossos valores. Penso que ainda subsiste em nós o desejo de fazer o bem. Tenho muita crença no gênero humano. Mas o que talvez esteja nos ocorrendo é uma falta de sensibilidade... Acho que falta olhar o mundo um pouco fora do nosso quadrado, do smartphone, da tela do computador. Nem precisa ser longe... Problemas sociais ocorrem ao nosso redor... Podemos ser a força motriz para a solução de alguns deles!

Tenham todos um esplêndido final de semana!

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Comentário sobre o livro Tempo de Esperas do Padre Fábio de Melo

Minha primeira postagem de conteúdo não poderia ser algo mais sutil do que comentar a leitura do livro Tempo de Esperas do Padre Fábio de Melo, que foi o livro que me acompanhou no repouso dos últimos 10 dias.

Quando se fala de uma publicação de um Padre, poderia vir a mente que o escrito se tratasse de algo puramente religioso ou com muita ênfase no tema. Pelo contrário, o livro me surpreendeu pela suavidade no trato com o tema da espiritualidade. De tanto que gostei do livro cheguei a fazer um fichamento. É um livro que enaltece o belo na vida e essência humana.

A obra se trata de um romance aonde um jovem estudante busca de um velho professor tudo aquilo que este havia abandonado, glórias acadêmicas, sucesso. O contato iniciou pelo fato de o jovem ter sofrido uma desilusão amorosa e queria conselhos. Os personagens não se conheceram e trocaram apenas correspondências que giraram acerca de temas como filosofia, felicidade, amor e amizade.

Inicialmente a troca de cartas revela o problema do jovem e o professor o aconselha: “Sem medo, tenha coragem de se reconhecer perdedor. Não permita que esta derrota lhe tire a coragem de enfrentar novos desafios. A vida continua. Organize este luto. Há sepultamentos que são necessários para o prosseguimento da vida. Não prolongue o tempo do sofrimento. Não seja orgulhoso” (p. 32 e 33)

Sobre o amor, chamou minha atenção o seguinte trecho: “Há sempre um perigo no amor que tem utilidade. Enquanto o outro exerce alguma função na nossa vida, corremos o risco de não experimentar o amor gratuito. (...) Amor que se fundamenta na utilidade que o outro tem corre o risco de se transformar em abandono num futuro próximo. Quando queremos o outro só por causa da utilidade que tem para nós, agimos para satisfazer nossas necessidades. Amamos até o dia em que o outro nos é útil. No dia em que deixa de ser, mandamos embora, dispensamos. Esse é apenas um exemplo de uma contradição que só pode ser resolvida na prática da vida. É possível amar os inúteis? Na teoria não, mas na prática, sim.” (p. 43)

Estre trecho demonstra as contradições da vida que se encontram inclusive no amor. Por isto, talvez, que casamentos, amizades e apegos terminam, porque perdem a utilidade. E, quando o bem perde a utilidade, é difícil amar.

Para não me estender, o último trecho, que mescla a beleza das coisas e as riqueza, diz o seguinte: “Até mesmo as grandes riquezas só têm valor se forem desfrutadas ao lado de quem nós devotamos apreço. Não há prazer em permanecer solitário em um castelo repleto de beleza. A riqueza só tem sentido quando é para ser dividida” (p. 92).

Nestes pequenos trechos, percebe-se um pouco do conteúdo que a obra traz. E o traz numa sutileza e num enredo maravilhoso, guardado para quem estiver curioso para ler o livro. Recomendo!

Feliz 2015!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Boa tarde!

Esta é a minha primeira postagem no meu blog pessoal.

Gostaria de compartilhar pensamentos, notícias, críticas, estudos jurídicos, poesias, músicas, um pouco daquilo que sou e daquilo que faço.

Fraterno abraço a todos que carinhosamente passarem a seguir minhas publicações!