Minha primeira postagem de conteúdo não poderia ser algo mais sutil do que comentar a leitura do livro Tempo de Esperas do Padre Fábio de Melo, que foi o livro que me acompanhou no repouso dos últimos 10 dias.
Quando se fala de uma publicação de um Padre, poderia vir a mente que o escrito se tratasse de algo puramente religioso ou com muita ênfase no tema. Pelo contrário, o livro me surpreendeu pela suavidade no trato com o tema da espiritualidade. De tanto que gostei do livro cheguei a fazer um fichamento. É um livro que enaltece o belo na vida e essência humana.
A obra se trata de um romance aonde um jovem estudante busca de um velho professor tudo aquilo que este havia abandonado, glórias acadêmicas, sucesso. O contato iniciou pelo fato de o jovem ter sofrido uma desilusão amorosa e queria conselhos. Os personagens não se conheceram e trocaram apenas correspondências que giraram acerca de temas como filosofia, felicidade, amor e amizade.
Inicialmente a troca de cartas revela o problema do jovem e o professor o aconselha: “Sem medo, tenha coragem de se reconhecer
perdedor. Não permita que esta derrota lhe tire a coragem de enfrentar novos
desafios. A vida continua. Organize este luto. Há sepultamentos que são
necessários para o prosseguimento da vida. Não prolongue o tempo do sofrimento.
Não seja orgulhoso” (p. 32 e 33)
Sobre o amor, chamou minha atenção o seguinte trecho: “Há sempre um perigo no amor que tem
utilidade. Enquanto o outro exerce alguma função na nossa vida, corremos o
risco de não experimentar o amor gratuito. (...) Amor que se fundamenta na
utilidade que o outro tem corre o risco de se transformar em abandono num
futuro próximo. Quando queremos o outro só por causa da utilidade que tem para
nós, agimos para satisfazer nossas necessidades. Amamos até o dia em que o
outro nos é útil. No dia em que deixa de ser, mandamos embora, dispensamos.
Esse é apenas um exemplo de uma contradição que só pode ser resolvida na
prática da vida. É possível amar os inúteis? Na teoria não, mas na prática,
sim.” (p. 43)
Estre trecho demonstra as contradições da vida que se encontram inclusive no amor. Por isto, talvez, que casamentos, amizades e apegos terminam, porque perdem a utilidade. E, quando o bem perde a utilidade, é difícil amar.
Para não me estender, o último trecho, que mescla a beleza das coisas e as riqueza, diz o seguinte: “Até mesmo as grandes riquezas só têm
valor se forem desfrutadas ao lado de quem nós devotamos apreço. Não há prazer
em permanecer solitário em um castelo repleto de beleza. A riqueza só tem
sentido quando é para ser dividida” (p. 92).
Nestes pequenos trechos, percebe-se um pouco do conteúdo que a obra traz. E o traz numa sutileza e num enredo maravilhoso, guardado para quem estiver curioso para ler o livro. Recomendo!
Feliz 2015!
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