Ao comentar este fato com minha irmã e, no interesse de ler
o livro, ela me presenteou com uma edição da obra.
Irei aqui relatar brevemente alguns aspectos da história de
Marcelo Câmara para aqueles que ainda não o conhecem.
Talvez noutro momento seja possível mais aprofundamentos
desta obra que me tirou muitas lágrimas dos olhos, advindos justamente da
contemplação dos pequenos e inúmeros fatos da vida de Marcelo que traduzem o
espírito católico na vivência cotidiana das virtudes, do seu amor pela
Eucaristia e pela Igreja, na santificação e oferecimento do trabalho diário.
Marcelo Henrique Câmara, chamado de Marcelinho pelos amigos, nasceu em 1979. Já na infância amargou a separação dos pais, tendo amadurecido e assumido fundamental responsabilidade pelos demais familiares.
Marcelinho começou a faculdade de Direito e era um grande
tribuno. Política e economia faziam parte de seus estudos. Às vezes discutia
temas políticos com afinco. Sempre foi muito estudioso, tendo depois se tornado
Mestre em Direito e professor na Universidade Federal de Santa Catarina.
Apesar de católico, teve uma profunda conversão quando
participou de um encontro do Movimento de Emaús ainda no tempo da graduação.
Todos notaram que Marcelinho deixou de lado as discussões de
cunho político, ainda que mantivesse posição firme em defesa dos valores católicos.
A partir daí passou a fazer um grande apostolado com os
jovens, sendo palestrante de cursos no Movimento de Emaús, no grupo “São Paulo”
e na Escola Missionária.
Também era Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão e era
apaixonado por Cristo e pela Eucaristia.
No ano 2000, Marcelo começou a frequentar as formações do
Opus Dei, tendo identificado aí sua vocação laical, ou seja, queria santificar
sua vida através das realidades temporais e do trabalho. Aí também iniciou a se
dedicar ao apostolado da amizade e da confidência com amigos e colegas de
trabalho.
Tendo sido diagnosticado com câncer em 2004, ele seguiu
adiante sua vida com confiança apostólica, sempre alegre e firme nos estudos,
tendo sido aprovado em 5º lugar no concurso público para ingresso no Ministério
Público do Estado de Santa Catarina e nomeado Promotor de Justiça em
2007.
Marcelo Câmara veio a falecer no dia 20 de março de 2008.
Alguns fatos da vida de Marcelinho:
1- Mesmo na doença, acordava pontualmente no “momento
heroico” e, ainda que estivesse indisposto, pedia a Deus que o levantasse e o
conduzisse para um bom dia.
2- Cumprimentava os colegas com a expressão franciscana “Paz
e Bem”
3- Buscava sempre os Sacramentos da Igreja
4- Diariamente ia à Santa Missa, fazia leitura do Evangelho
e recitava o Terço
5- Marcelo estudava latim e grego
6- Quando sua mãe saía atrasada e um carro dava uma fechada,
ele dizia: “Não faz isso, mãezinha, vamos fazer o seguinte, vamos rezar uma
Ave-Maria por ele, pra que Deus ilumine os caminhos dele e faça-o ser uma
pessoa melhor”
7- Quando falava com amigos no telefone fazia com que eles se sentissem verdadeiras
celebridades: “Nossa que alegria falar com você! Tudo bem! Sensacional você me
ligar! Ganhei o dia em receber a tua ligação”
8- Tinha vida simples, sóbria, sem extravagâncias e gastos
excessivos. Seu pai, ao questiona-lo sobre estar ainda usando um sapato antigo teve como resposta: “pai, ele ainda me serve”
9- O primeiro salário como Promotor de Justiça doou para um
empreendimento apostólico da Igreja em Florianópolis
10- Marcelinho comia pouco, com muita modéstia
11- Pretendia (e conseguiu) ser útil à sociedade através do
seu trabalho como professor e Promotor de Justiça
12- Recebia a Comunhão diariamente no hospital, mas em uma
de suas internações em 2004 o Padre Bianchini celebrou uma Missa no seu quarto,
porém antes ele disse: “meus queridos, quero lhes dizer que esta mesinha – a das
refeições – não tem a noção de que receberá em seguida a maior dignidade que
lhe é possível”. Marcelinho também disse: “desejo associar meu sacrifício ao de
Cristo, que se renovará neste altar”
13- Em muitas vezes em que recebia a Comunhão no hospital,
pedia ao seu colega Ministro: “amigo, tu me permites adorar um pouquinho?”,
demonstrando seu profundo amor e crença na presença de Cristo na Hóstia Santa
14- Marcelinho chegou a dar palestra no Movimento de Emaús
em cadeira de rodas, sendo grande sua vontade de evangelizar
15- A uma amiga que lhe perguntou o que fazer para agradar
plenamente a Deus e não deixar a tentação fazê-la pecar, Marcelo sorriu e rezou
o Santo Anjo do Senhor em latim
17- Apesar da doença, Marcelinho sempre aparentava tranquilo
e calmo quando recebia os amigos e familiares que iam visita-lo e consola-lo,
porém quem consolava era Marcelo com sua paz e alegria
18- Marcelo não se queixava de sua doença e um dia consolou
sua mãe dizendo: “Mãe, imagina, se aqui já é bom, como não será do outro lado?
Eu tenho certeza de que é muito melhor”
19- Ao se observar o prontuário médico dele, percebeu-se que,
nos últimos dois dias antes de sua morte, Marcelinho rejeitou uma dose de
morfina diária. Nestes dias ele relatava dores de cabeça extremas, porém ele
nunca revelou as motivações de negar o medicamento, ao que indica que ele
queria ficar menos sedado, mais vívido, sentindo sua dor, certamente uma
entrega, um sacrifício voluntário e silencioso para unir-se ao sacrifício de
Cristo
Estes são alguns fatos belos da vida do Marcelo Câmara que
podemos chamar de santo do cotidiano. Viveu com extraordinariedade a vida
ordinária. Marcelo com sua vida enchia o coração dos outros com esperança,
remetendo a nós a possibilidade, diante de tantas adversidades no mundo, de se
viver uma vida verdadeiramente cristã e que a santidade está ao nosso alcance.
Que interceda sempre por nós. Amém.
ResponderExcluirLindo Gui!!! Que testemunho!!!
ResponderExcluirQue possamos aprender com o Marcelinho a confiar em Deus presente em tudo, todos e em todos os momentos!!! Te amo!!! Bjs
Parabéns! Seu relato é perfeito. Convivi com o Marcelinho tanto no Emaús como na Opus Dei.
ResponderExcluirExcelente! Obrigado pela partilha!
ResponderExcluirDeus te abençoe, Guilherme.
🙏🏻😁